quinta-feira, 19 de abril de 2018

Um Dia de Neve


Em 1962, Ezra Jack Keats surpreendeu a América com o livro Um Dia de Neve, o primeiro álbum ilustrado na história da literatura infanto-juvenil em que o protagonista é um menino afro-americano. O sucesso rapidamente passou fronteiras.  No ano seguinte, o livro venceu  a Medalha Caldecott e foi arrecadando sucessivos prémios. O mais importante de todos, pensamos, foi ter-se transformado num livro imprescindível em qualquer biblioteca e ser hoje  considerado um clássico da literatura. 


"My book would have him there simply because he should have been there all along.”

As palavras são do próprio Keats. Mas o que, provavelmente, ele  não saberia é que, mais de 50 anos volvidos, a diversidade continua a ser um dos temas prementes na literatura infanto-juvenil, persistindo a pergunta:  porque são tão poucos os heróis, os príncipes e as princesas  de outras raças?



O livro mostra a forma como Pedro, o pequeno protagonista, se diverte num dia de neve intensa. A genuína alegria de uma criança que  brinca e se encanta com a própria descoberta, deslizando, rolando, inventando caminhos, desenhando pistas. Pedro faz bonecos de neve, anjos, pássaros...



O encanto é tal que até volta para casa com os bolsos mais cheios. Pelo sim pelo não, decide levar um bocado de neve. Claro que no dia seguinte o bolso está vazio, mas em contrapartida as brincadeiras serão partilhadas com um amigo. 


Antes de começar a história, podemos ler  que o autor se  inspirou nas fotografias de um rapaz afro-americano que recortava da revista Life. Keats usou a técnica de colagem, lançando mão de diferentes papéis com origem em vários países, materiais como uma borracha a servir de carimbo, uma escova de dentes molhada em tinta-da-china para salpicar as páginas ou pedaços de tecido estampados, naquela que foi também uma revolução para o próprio autor no modo como fazia livros.


O precioso livro chegou, recentemente, a Portugal, pela mão da Orfeu Negro. Festeje-se!

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